segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Poeta...






Quando começamos a compreender? Quando entendemos que há algo maior que devamos fazer? Nós, humanos, nos prendemos a sentimentos mesquinhos e nos esquecemos de nossa totalidade, nos esquecemos de nosso júbilo de força: Aquilo que acreditamos dentro de nós! Tolos aqueles que acreditam em seus princípios então, pois sabemos sempre que esses se voltarão contra nós, a alma do poeta parece imortal, o calvário do poeta é caminhar dentre aqueles que não o compreendem para que ele se compadeça de si mesmo e escreva sua ruína banhada em lagrimas do corpo, pois se pudesse ele lhes mostrariam a alma despedaçada pelo fardo de carregar a sua própria vida, de compartilhar com a humanidade uma dor que todos hão de julgar bela, sorrirão e a chamarão de arte, dirão até o quão lindo é tudo isso, mas o poeta permanece incompreendido. Ele se dá ao direito de vestir uma máscara de sorrisos para aceitar ser abraçado e cumprimentado, mas ele sabe que todos os abraços e sorrisos se esvaem com a mesma facilidade que se firmam, pois ele não se sente humano, ele não julga, mas enxerga as falhas e se entristece, por não poder estar entre aqueles que compreendem um sentimento único que brota em seu peito triste, o amor verdadeiro, tolo todo poeta que nasce, pois ele é fadado ao fim, tolo todo poeta que nasce, pois com a poesia vem a sensibilidade, e mesmo que se mascare em uma personalidade forte, a cada canção vai um pedaço do seu coração, a cada rima vai uma lagrima sentida para no final restar tão somente uma casca vazia de um poeta preso a uma terra que o admira, mas não o compreende. Muitos o acharão arrogante, por se achar melhor que todos, mas ninguém nunca o perguntará se ele mesmo se acha melhor que todos, se o perguntar ele responderá: "Sou o menor dos pequeninos, o mais baixo pigmeu, o comum no singular, o ultimo dos derradeiros, viajante peregrino, o mais manso dos correios..."
Neste momento eles não entenderão e o poeta se tornará recluso em seu mundo de torpor e sofrimento como ele sempre vai acreditar, ao esperar eternamente a voz amiga de alguém que diga “eu sei o que você sente, e entendo plenamente!”, mas somos ilhas, todo ser humano espera infindavelmente como o poeta, e apenas o poeta tem a resposta, mas nenhum humano vai entender até compartilhar da alma do poeta...

“Os poetas nada são senão humanos acordados, os humanos nada são senão poetas que dormem”
Taciano Júnio




MONJA

Ó Lua, Lua triste, amargurada,
Fantasma de brancuras vaporosas,
A tua nívea luz ciliciada
Faz murchecer e congelar as rosas.


Nas flóridas searas ondulosas,
Cuja folhagem brilha fosforeada,
Passam sombras angélicas, nivosas,
Lua, Monja da cela constelada.


Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
Ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
Que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...


Então, ó Monja branca dos espaços,
Parece que abres para mim os braços,
Fria, de joelhos, trêmula, rezando...



Cruz e Sousa

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Oque sou?

Minha foto
Sou uma sombra escondida e repousante num coração murmurante, por trás de um semblante quase elegante... Ser que vive desde bem antes, feito de pedaços remendados, e no seu peito arfante, bate relutante um coração petrificado...