terça-feira, 14 de setembro de 2010

Areias...




Que gosto de doce de leite no ponto de creme, que cheiro de capim e terra molhada, de flores amarelas regadas por abelhas, de bola, de lama, de caqui e cama. Que sensação de barulho de chave, um leve cheiro no ar de alcoólatras violentos que se arrastam para o lar. Um leve pesar de saudade. Um sabor amargo. Uma goiaba roubada, e nada disso faz com que o levar da caixa até a beirada seja algo de valia... Um filho, dois deles e um pesar do invisível, intangível desejo de chegar onde se já esteve, quem dentre nós é forte e equilibrado? Quem aqui sabe o que quer realmente? Eu ouso, ninguém mais ousa, uma só voz ecoa na sala que cheia de gente na mudez se faz vazia, “sou eu!” grita o mouro, “Sou eu!” grita o índio, “sou eu!” balbucia o pobre...
É esquecendo, é substituindo que agem os imponderados, é dizendo que se esvai, é recortando os rostos nas fotos, é dizendo que nunca existiu, assim seguem felizes por não lembrar, mesmo que lembrem, é dizendo que os próximos momentos são mais importantes que os que se vive agora, é cortando os caules das flores plantadas pelos caminhos, dizendo assim que as próximas flores serão as únicas que existiram. Salve a hipocrisia, pois ela, essa quimera, insiste em ser senhora destes tempos, onde nós tolos mentalistas, só podemos observar o deslanchar de suas cômicas luxurias enquanto caminham até um buraco maior que seus desejos.

Um comentário:

Thaís Annie disse...

Magnificque, explendido texto taz!

Oque sou?

Minha foto
Sou uma sombra escondida e repousante num coração murmurante, por trás de um semblante quase elegante... Ser que vive desde bem antes, feito de pedaços remendados, e no seu peito arfante, bate relutante um coração petrificado...