segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Índios






Quem me dera Ao menos uma vez

Ter de volta todo o ouro

Que entreguei a quem

Conseguiu me convencer

Que era prova de amizade

Se alguém levasse embora

Até o que eu não tinha
Quem me deraAo menos uma vez

Esquecer que acreditei

Que era por brincadeira

Que se cortava sempre

Um pano-de-chão

De linho nobre e pura seda
Quem me dera

Ao menos uma vez

Explicar o que ninguém

Consegue entender

Que o que aconteceu

Ainda está por vir

E o futuro não é mais

Como era antigamente.
Quem me dera

Ao menos uma vez

Provar que quem tem mais

Do que precisa ter

Quase sempre se convence

Que não tem o bastante

Fala demais

Por não ter nada a dizer.
Quem me dera

Ao menos uma vez

Que o mais simples fosse visto

Como o mais importante

Mas nos deram espelhos

E vimos um mundo doente.
Quem me deraAo menos uma vez

Entender como um só

DeusAo mesmo tempo é trêsEsse mesmo

DeusFoi morto por vocêsSua maldade, então

Deixaram Deus tão triste.
Eu quis o perigo

E até sangrei sozinho

Entenda!Assim pude trazer

Você de volta pra mim

Quando descobri

Que é sempre só você

Que me entende

Do iní­cio ao fim.
E é só você que tem

A cura do meu vício

De insistir nessa saudade

Que eu sinto

De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera

Ao menos uma vez

Acreditar por um instante

Em tudo que existe

E acreditar

Que o mundo é perfeito

Que todas as pessoas

São felizes...
Quem me dera

Ao menos uma vez

Fazer com que o mundo

Saiba que seu nome

Está em tudo e mesmo assim

Ninguém lhe diz

Ao menos, obrigado.
Quem me dera

Ao menos uma vez

Como a mais bela tribo

Dos mais belos índios

Não ser atacado

Por ser inocente.
Eu quis o perigo

E até sangrei sozinho

Entenda!
Assim pude trazer

Você de volta pra mim

Quando descobri

Que é sempre só você

Que me entende

Do início ao fim.
E é só você que tem

A cura pro meu vício

De insistir nessa saudade

Que eu sinto

De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos

E vimos um mundo doente

Tentei chorar e não consegui.


Renato Russo
To meio "sem voz" esses dias...

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Minha foto
Sou uma sombra escondida e repousante num coração murmurante, por trás de um semblante quase elegante... Ser que vive desde bem antes, feito de pedaços remendados, e no seu peito arfante, bate relutante um coração petrificado...