quinta-feira, 9 de maio de 2013


Então você morreu... Calou-se, cessou o tagarelar iminente, deixou correr o fio vermelho estridente, e parou seu coração. Lembro-me sem glória, guardo na memória, como uma ladainha de velhas, ou como de um bardo, a canção, com o que se passou o descaso, a facada, a inglória, apagou-se todo sorriso da memória, sobrou o gargalhar insolente. Com todo o escarnecer da indignidade, sobrou nem sequer esperança, ou mesmo reles saudade, do que se é, do que se tornou, o nojo e a repulsa, do que já foi, ou o que pareceu, no coração permanece como a crença de um ateu, está lá, mas para mim não existe mais, agourou a ultima pena, findou-se o carnaval, fecham-se as cortinas, foi o ato final, sem choros, ou velas, a metade que odeia nasceu para tal, sem choros, sem correntes, rangendo os dentes e restando o mal, o abandono é resposta do abandonado a quem o abandonou, as costas são a resposta, para as costas como pagamento, por algo tão singelo quanto o amor, entregue de graça, foi este jogado ao vento, soprado para longe, onde o tempo corroeu, sobrou na memória nenhum erro cometido, somente o erro que foi teu.

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Sou uma sombra escondida e repousante num coração murmurante, por trás de um semblante quase elegante... Ser que vive desde bem antes, feito de pedaços remendados, e no seu peito arfante, bate relutante um coração petrificado...