Então você morreu... Calou-se,
cessou o tagarelar iminente, deixou correr o fio vermelho estridente, e parou
seu coração. Lembro-me sem glória, guardo na memória, como uma ladainha de
velhas, ou como de um bardo, a canção, com o que se passou o descaso, a facada,
a inglória, apagou-se todo sorriso da memória, sobrou o gargalhar insolente.
Com todo o escarnecer da indignidade, sobrou nem sequer esperança, ou mesmo
reles saudade, do que se é, do que se tornou, o nojo e a repulsa, do que já
foi, ou o que pareceu, no coração permanece como a crença de um ateu, está lá,
mas para mim não existe mais, agourou a ultima pena, findou-se o carnaval,
fecham-se as cortinas, foi o ato final, sem choros, ou velas, a metade que
odeia nasceu para tal, sem choros, sem correntes, rangendo os dentes e restando
o mal, o abandono é resposta do abandonado a quem o abandonou, as costas são a
resposta, para as costas como pagamento, por algo tão singelo quanto o amor,
entregue de graça, foi este jogado ao vento, soprado para longe, onde o tempo
corroeu, sobrou na memória nenhum erro cometido, somente o erro que foi teu.
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